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Quem escreve esta história é neto de Miguel Pereira da Silva, a quem o Sr. Da Boa Sorte lhe salvou a vida dominando a serpente que o queria matar.
Miguel Pereira da Silva, segundo contam os mais velhinhos de Almofala, era um grande proprietário, aliás um grande lavrador de Almofala. Dedicava-se alem dos campos, à pesca e às abelhas. Tinha o seu cortiçal (cortiço para abelhas) entre a estrada que liga, Almofala a Tarouca, ao lado do caminho do Rodêlo.
Provavelmente no ano de 1916/1917, data incerta, Miguel Pereira da Silva, depois de ter ido guardar as suas abelhas, deitou-se a descansar, à sombra do seu pinhal, ou talvez à sua mimosa que ainda à poucos tempos, existia a uns escassos metros, onde hoje se vê a sua capela.
Adormecendo em profundo sono, sentiu na sua face uma forte chicotada. Acordado, viu um sardão fugindo, e uma serpente enfiada na boca. Aflito, deita as duas mãos à serpente, para a retirar da sua boca. Não conseguindo, recorre ao Sr. Da Boa Sorte, imediatamente a serpente sai. Miguel levanta-se, e com uma chachola (enxada) mata a cobra. De volta a casa, conta à família, e com fé acredita que foi milagre. Em recompensa com os Almofalenses, constrói a capela que hoje podemos ver. Dentro da capela, existe o quadro desse milagre. Como já disse no inicio, quem conta esta história é neto de Miguel Pereira da Silva, foi seu pai, João Pereira da Silva, tinha nessa altura 16 ou 17 anos.
O motivo porque Miguel Pereira da Silva se lembrou do Sr. Da Boa Sorte não o posso provar. Poderemos pensar, que o Sr. Miguel, era devoto do Sr. Da Boa Sorte, da freguesia do Touro, que se encontra entre, Touro e Vila Nova de Paiva, e que nas redondezas não se encontra outro Senhor, com o mesmo nome.
A partir de 1918 fez-se sempre em vida de Miguel Pereira da Silva, programada por ele a festa ao Senhor da Boa Sorte, sempre no 4° Domingo de Julho, com o seguinte programa:
- Banda de Música
- Arruada da freguesia
- Saída da procissão da igreja paroquial para a capela
- Missa com Sermão
- no fim merendavam à sombra dos pinheiros do Sr. Miguel, ao toque da música.
É de salientar que cada morador de Almofala, dava de comer a 1 ou 2 músicos, auxiliando assim às despesas de Sr. Miguel.
Morte de Sr. Miguel, continuação da festa.
Almofala de 1918-1998
“Continuação da história da Festa do Sr. da Boa Sorte”
Identificação de Miguel Pereira da Silva, continuação da Festa depois da sua morte.
Por motivos de no Registo Civil de Castro Daire não se encontrar a identificação de Miguel Pereira da Silva, o autor deste artigo, seu neto, recorreu ao Sr. Padre de Almofala, o qual com custo, mas com vontade, deslocou-se à Diocese de Lamego e aí encontrou a identificação de Miguel Pereira da Silva.
Não quero de maneira alguma elogiar a pessoa do Sr. Miguel com esta identificação. Quero apenas mostrar ao povo de Almofala, aos mais jovens, como nasceu a Festa do Sr. da Boa Sorte. São eles os que a têm mantido com as suas esmolas. Quero expressar-lhes o meu agradecimento, a todos os que têm colaborado e ajudado nesta identificação do meu avô e a história da respectiva festa.
Miguel Pereira da Silva nasceu no dia 15 de Março de 1863 na Paróquia do Divino Espírito Santo de Almofala, filho de Maria Pereira Monteiro. Era neto materno de José Luís Monteiro e de Lodovina Fernandes. Foi baptizado em Almofala no dia 4 de Abril de 1863, casou aos 23 anos de idade no dia 9 de Maio de 1886, com Maria de Jesus de 23 anos, filha de Maria Botelho. Deste casamento nasceu João Pereira da Silva no dia 2 de Outubro de 1901.
Miguel Pereira da Silva casou novamente no dia 16 de Junho de 1907, com 44 anos de idade, com Constância Teixeira, de 39 anos.
Morreu a 17 de Janeiro de 1937 com 74 anos (Paz à sua Alma). Nesta data tinha meu Pai, seu único filho da primeira mulher, João Pereira da Silva, 36 anos, casado com Arminda da Silva, natural de Várzea de Serra.
João Pereira da Silva fez ainda alguns anos a festa. Por motivos desconhecidos, talvez financeiros, não pode suportar a festa.
É nestas circunstâncias que alguém de Almofala, devoto do Sr. da Boa Sorte, continuou a fazer a festa, mas por poucos anos. É de salientar o Sr. Manuel Martins, mais conhecido por Manuel Cocho, que organiza a festa por algum tempo. Em data incerta, a festa terminou.
No ano de 1955, já da minha lembrança, um grupo de Trabalhadores na barragem da Boça entre eles o Sr. António Luís, Sr. José Laurindo, Sr. Manuel dos Santos Rebelo, e outros, decidiram fazer novamente a festa. Foi feita na Eira do Castanheiro, composta de música, procissão em volta da Freguesia com Andores, Cruzada e figuras alegóricas. De tarde leilão de ramos e ofertas ao toque da música. A festa prolonga-se até 1968.
Nesta altura o Sr. António Luís emigrante na Alemanha, manda construir a estátua do Bom Pastor. Assim começa a festa do Bom Pastor e acaba a do Sr. da Boa Sorte.
No ano de 1972, o autor deste artigo, reúne em Lisboa uma comissão para restaurar a festa do Sr. da Boa Sorte. É feita nesse mesmo ano com a seguinte comissão: Baltasar da Silva Pereira, Sebastião Pereira da Silva, Joaquim Morais Fernandes, Manuel Loureiro Pereira, António Pereira Morais e Manuel dos Santos Rebelo e outros. Assim continuou a festa a ser feita todos os anos, com novos Mordomos, até ao dia de hoje.
Geração de Miguel Pereira da Silva: Filho único de João Pereira da Silva do qual nasceram 8 filhos, hoje apenas 2 sobreviventes. Sr. Miguel teria este ano (1998) 135, com 2 netos, 6 bisnetos, e 5 trinetos. Os meus netos, serão eles que levarão o pão e o vinho este ano ao Altar.
1998 por ©Baltasar da Silva Pereira
Comemoração dos 100 anos
Neste ano de 2018, comemoramos os 100 anos da festa em honra do Senhor da Boa sorte, iníciada em 1918 por Miguel Pereira da Silva. A procissão saiu da igreja rumo à capela do Senhor da Boa Sorte, acompanhada pela banda filarmónica de Mões, onde foi celebrada a Eucarístia pelo Reverendo Padre João Bráz, no final a procissão recolheu à igreja. Foi uma celebração com muitas emoções.
A junta de freguesia realizou várias obras de melhoramento no recinto, a comissão de festas de 2018 com a comparticipação da junta, vão continuar mais algumas obras, para aplicar o dinheiro restante das festas deste ano.